SIM, porque não dá pra ser NÃO.
Este blog estava morto. Mas essa conversa de armas é de matar, e ele resolveu ressuscitar.
Decidi: SIM.
Não acho que esse referendo tenha vindo em boa hora, porque a pizza está assando. Porque estava achando tudo uma palhaçada chatérrima e, sinceramente, sem nenhuma vontade de sair para votar no Domingo, depois da ressaca dos shows dessa semana. Não queria votar porque acredito que, independente do resultado, o que está procurando se resolver com isso não será lá muito bem resolvido. Porque essa questão toda é muito complexa e há vários problemas óbvios, sérios e urgentes que deveriam ser discutidos, votados e solucionados ANTES. Afinal, quem se arma que se cuide, já que acha que tem a situação assim tão sob controle, já que acredita que acidentes não acontecem e que jamais vai perder a cabeça - literalmente, até.
Não queria votar, mas mudei de idéia.
Recebi dezenas de emails - a maioria do não e de suas obscuras teorias conspiratórias que me soariam patéticas, se a intenção e os meios que usam não fossem tão baixos. Por que por trás de textos que procuram se passar por informativos, omitem fontes e citam trechos descontextualizados e distorcidos. Adotam uma postura aparentemente racional - mas estão sempre apelando para o medo de cada um, para os pavores mais primais, para o desespero diante da morte. Apelam para o réptil que habita os recantos mais primitivos do cérebro, apelam para aquela região em que o instinto de manter seu território a qualquer custo grita, irracional e inumano. Complexo R, informem-se. Método e discurso fascistas, informem-se.
Além disso, por mais que se esteja decepcionado e revoltado com governo do PT, não dá pra votar junto com tantos que compactuaram com a ditadura militar no Brasil. Eu nunca vou me esquecer do que já li sobre essa ditadura, nunca vou esquecer de quando, ainda muito pequena, vi minha família chorando de alívio quando foi decretado o fim do AI-5, nunca vou esquecer de uma mulher que eu conheci, aleijada e mentalmente destruída pela tortura, não vou esquecer da foto dela antes de ser torturada, exuberante. NUNCA. Esqueço muita coisa, mas essas não. Essas memórias não vão para o Lethes. Não vou votar junto com os que compactuaram com isso tudo, com esses tantos que hoje se dizem "homens de bem". NÃO DÁ PRA DIZER NÃO.
Por mais que não se tenha fé nos resultados do SIM e que se esteja insatisfeito com esse referendo justamente AGORA, não dá pra compactuar com o palavrório fascistóide do não - e o que mal se esconde por trás dele. Eu digo SIM, mesmo sem fé no Estado, nas instituições e na própria humanidade do jeito que anda. Eu digo SIM, porque sinto o cerco do medo, da paranóia, da mediocridade, da baixeza e da barbárie avançando a cada dia - e sei bem aonde isso pode acabar. E tenho que me manter de pé, com um sorriso gaiato, dizendo SIM, até o fim da Comédia. Porque eu sou Trágica, se é que me entendem - e o sorriso gaiato foi conquistado a duras penas. Porque não vou me render jamais, no fim das contas. DOIS MAIS DOIS NÃO É CINCO. NO CU, PARDAL!
Sorrir, e dizer um sagrado SIM.
--------------------------------------------------------------------------------
Ah, em tempo - e rimando com o sim - aquele papo do suposto traficante XAXIM, certamente primo das samambaias, era fake, armação, caô. Bonito, não?! Na verdade, era UMA PIADA, vejam aí embaixo... tsc, tsc.
Alguns trechos de um dos emails do SIM que eu recebi - certamente mais interessante que a apelação do não:
- Divulgaram na Internet um artigo atribuído ao prestigiado jornalista e escritor gaúcho Luís Fernando Veríssimo contra o desarmamento. Veríssimo desmentiu a autoria do artigo, e fez questão de afirmar sua posição a favor do SIM. Leia AQUI o desmentido e seu artigo "Por que sim".
- Os armamentistas inundaram a Internet com um antigo texto da juíza Denise Frossard, famosa por ter mandado prender a cúpula da contravenção do jogo do bicho do Rio de Janeiro, em que criticaria o desarmamento. Na verdade, a posição da juíza é totalmente a favor da proibição do comércio de armas, e na Câmara dos Deputados ela não só votou pelo Estatuto do Desarmamento, como lutou para que o referendo se realizasse. Veja AQUI o artigo onde ela expõe os seus motivos para votar SIM no referendo.
Um trecho do link acima:
"Sinto-me obrigada a retornar ao assunto, porque, na internet, claramente com o objetivo de confundir, numa atitude de baixa política e de leviano comportamento, circula o artigo publicado em maio de 2003, que está disponível em minha página na internet. Circula com um tom que não lhe dei e com um sentido que não tinha e não tem, para atribuir a mim, a partir do título, “Os danos da proibição”, a preferência pelo “não”, na resposta ao referendo. Com as mesmas intenções, um jornal do Rio de Janeiro, sem previamente me ouvir, resolveu, há poucos dias, republicar o artigo. Sei quem o fez, porque mandei apurar.
Perdem tempo com este jogo bobo, porque a minha opção pelo desarmamento é clara, indiscutível, e está demonstrada até pela minha decisão pessoal de nunca andar armada, mesmo tendo porte legal e passado por momentos na vida em que muitos aconselhavam o contrário.
De maneira definitiva: votarei “sim” no referendo"
--------A SEGUINTE É SENSACIONAL, ATÉ ME FEZ DAR UMAS RISADAS:
- O lobby das armas também espalhou por e-mail a falsa notícia de que um traficante do Rio, conhecido como Xaxim, estaria fazendo campanha pelo SIM no Morro do Dendê. Primeiro atribuiram como fonte o plantão do jornal O Globo Online, e depois o jornal O Dia. O Globo Online divulgou nota desmentindo que tivesse publicado tal notícia e o chefe de reportagem de O Dia, João Antonio Barros, desmente categoricamente que seu jornal tenha publicado essa informação. Não existe no Rio de Janeiro um traficante com esse nome. Ao buscar-se a origem da notícia, constatou-se que ela foi tirada do SITE DE PIADAS "COCADA BOA". Os traficantes e bandidos em geral certamente preferem que tudo continue como está a perder uma de suas fontes de armas e munição.
- Os defensores do comércio de armas não hesitam em distorcer a história. Basta se consultar um livro sobre a Alemanha ou a Segunda Guerra Mundial para se constatar as mentiras contidas em um e-mail que eles divulgam na Internet. Dizem que Hitler desarmou a Alemanha para melhor dominar o povo. Ora, foi justamente o contrário. Para defender-se dos grupos armados do partido nazista, a República de Weimar, em 1928, promulgou uma rigorosa lei de controle de armas. Após tentar, sem sucesso, tomar o poder através de um golpe violento, Hitler mudou de estratégia e, surfando na severa crise econômica do país, ascendeu ao poder através do voto. O desarmemento inicialmente foi contra os nazistas e deu certo para evitar o golpe armado dos "camisas pardas".
Hitler acabou por implantar a ditadura, fechando o Congresso (Reichstag) e desarmando a oposição, mas armando seus seguidores, que passaram a perseguir e matar oposicionistas, judeus, ciganos, católicos e gays. Na verdade, as ditaduras desarmam as oposições para garantir o domínio de seus governos impopulares.
As democracias promovem o desarmamento civil para aumentar a segurança da população, numa perspectiva de saúde pública. São interesses opostos. Hoje, diversas democracias já fizeram leis de desarmamento e foram bem sucedidas na redução das mortes por armas de fogo.
- A tese pueril de que devemos ter armas em casa para nos proteger de revoluções é uma cópia ridícula dos argumentos da Associação Norte-americana de Fuzis, ligada à indústria de armas dos Estados Unidos, que procura manter viva a tradição da Guerra contra o colonialismo inglês, e a política então vigente de matar índios. Levantam a ameaça de golpes de Estado como se revólveres pudessem se contrapor a tanques e canhões, transmitem o medo de uma revolução ou de revolta dos pobres contra os ricos, quando a ameaça contra a qual lutamos é uma realidade que está aí: a violência provocada nas ruas e nos lares pela proliferação descontrolada de armas de fogo.
- Os defensores do comércio de armas afirmam que "o referendo não se justifica porque no ano passado teriam sido vendidas apenas 1.044 armas" (frase repetida em debates pelo deputado e ex-coronel da PM Alberto Fraga, presidente da Frente do Não). Esse dado, ele obteve junto à Taurus, o maior fabricante de armas curtas do país, que financiou 70% das suas campanhas eleitorais e que tem grande interesse em fortalecer argumentos do não, como esse.
A fonte segura e imparcial é o órgão que controla a venda de armas no país, o Sistema Nacional de Armas da Polícia Federal, segundo o qual em 2004 foram vendidas 53.811 armas pequenas para civis no Brasil. Esse número exclui as armas vendidas para as empresas de segurança privada, que somaram 7.131. Só no primeiro semestre deste ano (2005), foram vendidas mais 16.089 armas para civis.
No Brasil, das mais de 17 milhões de armas em circulação, 15 milhões, isto é, 90%, estão nas mãos de civis. Se a população armada trouxesse segurança, o Brasil seria um país tranquilo e não o campeão mundial de mortes por arma de fogo.
- Afirmam que os deputados e senadores votaram a proibição do porte e do comércio de armas, mas que resguardaram seu direito legal de portar armas. Não é verdade. Políticos do Não propuseram isso, mas foram derrotados e o Estatuto do Desarmamento não abriu exceção para eles, também proibidos de portar armas.
- Dizem que "os atiradores esportivos, os caçadores e os colecionadores, categoria denominada 'CAC', não mais poderão comprar arma e munição". Não é verdade. Essas categorias são regidas pelo regulamento do Exército, conhecido como R 105, em que o Exército autoriza e fiscaliza a venda desses produtos para tiro esportivo, caça e coleções. Mentem para jogar essas categorias, garantidas pelo Estatuto, contra a proibição do comércio de armas. Essas categorias têm existência legal, que não será alterada, e são as maiores interessadas em não serem confundidas com aqueles que querem armas para vender ao narcotráfico ou para matar, ou com os que fazem uso irresponsável de suas armas.
*** Tentamos que as companhias de ônibus inter-estaduais tivessem detector de metal, para impedir que ladrões continuassem a assaltar os passageiros que viajam entre os Estados. Os políticos do Não, curvando-se aos interesses das grandes companhias de ônibus, votaram não. Isto é, rico tem segurança quando viaja de avião, mas pobre, que viaja de ônibus, não. Assim votaram os defensores do Não, que falam em "proteger os cidadãos". Neste ponto, eles venceram, e o artigo foi excluído da versão final do Estatuto.
- Dizem que, "na Austrália, Grã-Bretanha e Canadá, países em que houve desarmamento, as mortes com arma de fogo aumentaram". Não é verdade. A procuradoria geral da Austrália entrou em 2000 com um recurso contra um e-mail da NRA (Associação Nacional de Rifles, lobby das armas norte-americano) que divulgava os dados mentirosos recentemente reproduzidos pela VEJA. A experiência da Austrália, aclamada internacionalmente, comprova que a proibição votada em 1996 trouxe enormes benefícios para a segurança pública deste pais, conforme informa o governo da Austrália (http://www.aic.gov.au ). Estudo publicado pela Professora J.Ozanne-Smith, da Monash University (Victoria, Austrália) na revista Injury Prevention 2004; chegou à seguinte conclusão : "Reduções dramáticas foram alcançadas na taxa geral de mortes por arma de fogo no contexto da implementação da reforma da regulação sobre armas de fogo". De fato, desde a aprovação da nova lei, em 1996, o número total de mortes diminuiu 43% e a taxa de homicídios por arma de fogo caiu 50%. Um habitante da Austrália corre 90 vezes menos risco de morrer num homicídio com arma de fogo do que um Brasileiro.
-----------------------------------------------------------------------------------
BEM, agora, meu único argumento a favor do "não" é que, como a maiores vítimas em geral são os próprios portadores de armas de fogo que se pensam "heróis", isso seria bom para evolução da espécie humana - cagões paranóicos burros e agressivos iriam sumindo gradativamente do pool genético! Fantástico! O Darwin Awards agradece, clap clap clap! Mas isso é só piada, e de humor-negro - porque eu também nunca fui santa, ha-ha-ha!
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Decidi: SIM.
Não acho que esse referendo tenha vindo em boa hora, porque a pizza está assando. Porque estava achando tudo uma palhaçada chatérrima e, sinceramente, sem nenhuma vontade de sair para votar no Domingo, depois da ressaca dos shows dessa semana. Não queria votar porque acredito que, independente do resultado, o que está procurando se resolver com isso não será lá muito bem resolvido. Porque essa questão toda é muito complexa e há vários problemas óbvios, sérios e urgentes que deveriam ser discutidos, votados e solucionados ANTES. Afinal, quem se arma que se cuide, já que acha que tem a situação assim tão sob controle, já que acredita que acidentes não acontecem e que jamais vai perder a cabeça - literalmente, até.
Não queria votar, mas mudei de idéia.
Recebi dezenas de emails - a maioria do não e de suas obscuras teorias conspiratórias que me soariam patéticas, se a intenção e os meios que usam não fossem tão baixos. Por que por trás de textos que procuram se passar por informativos, omitem fontes e citam trechos descontextualizados e distorcidos. Adotam uma postura aparentemente racional - mas estão sempre apelando para o medo de cada um, para os pavores mais primais, para o desespero diante da morte. Apelam para o réptil que habita os recantos mais primitivos do cérebro, apelam para aquela região em que o instinto de manter seu território a qualquer custo grita, irracional e inumano. Complexo R, informem-se. Método e discurso fascistas, informem-se.
Além disso, por mais que se esteja decepcionado e revoltado com governo do PT, não dá pra votar junto com tantos que compactuaram com a ditadura militar no Brasil. Eu nunca vou me esquecer do que já li sobre essa ditadura, nunca vou esquecer de quando, ainda muito pequena, vi minha família chorando de alívio quando foi decretado o fim do AI-5, nunca vou esquecer de uma mulher que eu conheci, aleijada e mentalmente destruída pela tortura, não vou esquecer da foto dela antes de ser torturada, exuberante. NUNCA. Esqueço muita coisa, mas essas não. Essas memórias não vão para o Lethes. Não vou votar junto com os que compactuaram com isso tudo, com esses tantos que hoje se dizem "homens de bem". NÃO DÁ PRA DIZER NÃO.
Por mais que não se tenha fé nos resultados do SIM e que se esteja insatisfeito com esse referendo justamente AGORA, não dá pra compactuar com o palavrório fascistóide do não - e o que mal se esconde por trás dele. Eu digo SIM, mesmo sem fé no Estado, nas instituições e na própria humanidade do jeito que anda. Eu digo SIM, porque sinto o cerco do medo, da paranóia, da mediocridade, da baixeza e da barbárie avançando a cada dia - e sei bem aonde isso pode acabar. E tenho que me manter de pé, com um sorriso gaiato, dizendo SIM, até o fim da Comédia. Porque eu sou Trágica, se é que me entendem - e o sorriso gaiato foi conquistado a duras penas. Porque não vou me render jamais, no fim das contas. DOIS MAIS DOIS NÃO É CINCO. NO CU, PARDAL!
Sorrir, e dizer um sagrado SIM.
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Ah, em tempo - e rimando com o sim - aquele papo do suposto traficante XAXIM, certamente primo das samambaias, era fake, armação, caô. Bonito, não?! Na verdade, era UMA PIADA, vejam aí embaixo... tsc, tsc.
Alguns trechos de um dos emails do SIM que eu recebi - certamente mais interessante que a apelação do não:
- Divulgaram na Internet um artigo atribuído ao prestigiado jornalista e escritor gaúcho Luís Fernando Veríssimo contra o desarmamento. Veríssimo desmentiu a autoria do artigo, e fez questão de afirmar sua posição a favor do SIM. Leia AQUI o desmentido e seu artigo "Por que sim".
- Os armamentistas inundaram a Internet com um antigo texto da juíza Denise Frossard, famosa por ter mandado prender a cúpula da contravenção do jogo do bicho do Rio de Janeiro, em que criticaria o desarmamento. Na verdade, a posição da juíza é totalmente a favor da proibição do comércio de armas, e na Câmara dos Deputados ela não só votou pelo Estatuto do Desarmamento, como lutou para que o referendo se realizasse. Veja AQUI o artigo onde ela expõe os seus motivos para votar SIM no referendo.
Um trecho do link acima:
"Sinto-me obrigada a retornar ao assunto, porque, na internet, claramente com o objetivo de confundir, numa atitude de baixa política e de leviano comportamento, circula o artigo publicado em maio de 2003, que está disponível em minha página na internet. Circula com um tom que não lhe dei e com um sentido que não tinha e não tem, para atribuir a mim, a partir do título, “Os danos da proibição”, a preferência pelo “não”, na resposta ao referendo. Com as mesmas intenções, um jornal do Rio de Janeiro, sem previamente me ouvir, resolveu, há poucos dias, republicar o artigo. Sei quem o fez, porque mandei apurar.
Perdem tempo com este jogo bobo, porque a minha opção pelo desarmamento é clara, indiscutível, e está demonstrada até pela minha decisão pessoal de nunca andar armada, mesmo tendo porte legal e passado por momentos na vida em que muitos aconselhavam o contrário.
De maneira definitiva: votarei “sim” no referendo"
--------A SEGUINTE É SENSACIONAL, ATÉ ME FEZ DAR UMAS RISADAS:
- O lobby das armas também espalhou por e-mail a falsa notícia de que um traficante do Rio, conhecido como Xaxim, estaria fazendo campanha pelo SIM no Morro do Dendê. Primeiro atribuiram como fonte o plantão do jornal O Globo Online, e depois o jornal O Dia. O Globo Online divulgou nota desmentindo que tivesse publicado tal notícia e o chefe de reportagem de O Dia, João Antonio Barros, desmente categoricamente que seu jornal tenha publicado essa informação. Não existe no Rio de Janeiro um traficante com esse nome. Ao buscar-se a origem da notícia, constatou-se que ela foi tirada do SITE DE PIADAS "COCADA BOA". Os traficantes e bandidos em geral certamente preferem que tudo continue como está a perder uma de suas fontes de armas e munição.
- Os defensores do comércio de armas não hesitam em distorcer a história. Basta se consultar um livro sobre a Alemanha ou a Segunda Guerra Mundial para se constatar as mentiras contidas em um e-mail que eles divulgam na Internet. Dizem que Hitler desarmou a Alemanha para melhor dominar o povo. Ora, foi justamente o contrário. Para defender-se dos grupos armados do partido nazista, a República de Weimar, em 1928, promulgou uma rigorosa lei de controle de armas. Após tentar, sem sucesso, tomar o poder através de um golpe violento, Hitler mudou de estratégia e, surfando na severa crise econômica do país, ascendeu ao poder através do voto. O desarmemento inicialmente foi contra os nazistas e deu certo para evitar o golpe armado dos "camisas pardas".
Hitler acabou por implantar a ditadura, fechando o Congresso (Reichstag) e desarmando a oposição, mas armando seus seguidores, que passaram a perseguir e matar oposicionistas, judeus, ciganos, católicos e gays. Na verdade, as ditaduras desarmam as oposições para garantir o domínio de seus governos impopulares.
As democracias promovem o desarmamento civil para aumentar a segurança da população, numa perspectiva de saúde pública. São interesses opostos. Hoje, diversas democracias já fizeram leis de desarmamento e foram bem sucedidas na redução das mortes por armas de fogo.
- A tese pueril de que devemos ter armas em casa para nos proteger de revoluções é uma cópia ridícula dos argumentos da Associação Norte-americana de Fuzis, ligada à indústria de armas dos Estados Unidos, que procura manter viva a tradição da Guerra contra o colonialismo inglês, e a política então vigente de matar índios. Levantam a ameaça de golpes de Estado como se revólveres pudessem se contrapor a tanques e canhões, transmitem o medo de uma revolução ou de revolta dos pobres contra os ricos, quando a ameaça contra a qual lutamos é uma realidade que está aí: a violência provocada nas ruas e nos lares pela proliferação descontrolada de armas de fogo.
- Os defensores do comércio de armas afirmam que "o referendo não se justifica porque no ano passado teriam sido vendidas apenas 1.044 armas" (frase repetida em debates pelo deputado e ex-coronel da PM Alberto Fraga, presidente da Frente do Não). Esse dado, ele obteve junto à Taurus, o maior fabricante de armas curtas do país, que financiou 70% das suas campanhas eleitorais e que tem grande interesse em fortalecer argumentos do não, como esse.
A fonte segura e imparcial é o órgão que controla a venda de armas no país, o Sistema Nacional de Armas da Polícia Federal, segundo o qual em 2004 foram vendidas 53.811 armas pequenas para civis no Brasil. Esse número exclui as armas vendidas para as empresas de segurança privada, que somaram 7.131. Só no primeiro semestre deste ano (2005), foram vendidas mais 16.089 armas para civis.
No Brasil, das mais de 17 milhões de armas em circulação, 15 milhões, isto é, 90%, estão nas mãos de civis. Se a população armada trouxesse segurança, o Brasil seria um país tranquilo e não o campeão mundial de mortes por arma de fogo.
- Afirmam que os deputados e senadores votaram a proibição do porte e do comércio de armas, mas que resguardaram seu direito legal de portar armas. Não é verdade. Políticos do Não propuseram isso, mas foram derrotados e o Estatuto do Desarmamento não abriu exceção para eles, também proibidos de portar armas.
- Dizem que "os atiradores esportivos, os caçadores e os colecionadores, categoria denominada 'CAC', não mais poderão comprar arma e munição". Não é verdade. Essas categorias são regidas pelo regulamento do Exército, conhecido como R 105, em que o Exército autoriza e fiscaliza a venda desses produtos para tiro esportivo, caça e coleções. Mentem para jogar essas categorias, garantidas pelo Estatuto, contra a proibição do comércio de armas. Essas categorias têm existência legal, que não será alterada, e são as maiores interessadas em não serem confundidas com aqueles que querem armas para vender ao narcotráfico ou para matar, ou com os que fazem uso irresponsável de suas armas.
*** Tentamos que as companhias de ônibus inter-estaduais tivessem detector de metal, para impedir que ladrões continuassem a assaltar os passageiros que viajam entre os Estados. Os políticos do Não, curvando-se aos interesses das grandes companhias de ônibus, votaram não. Isto é, rico tem segurança quando viaja de avião, mas pobre, que viaja de ônibus, não. Assim votaram os defensores do Não, que falam em "proteger os cidadãos". Neste ponto, eles venceram, e o artigo foi excluído da versão final do Estatuto.
- Dizem que, "na Austrália, Grã-Bretanha e Canadá, países em que houve desarmamento, as mortes com arma de fogo aumentaram". Não é verdade. A procuradoria geral da Austrália entrou em 2000 com um recurso contra um e-mail da NRA (Associação Nacional de Rifles, lobby das armas norte-americano) que divulgava os dados mentirosos recentemente reproduzidos pela VEJA. A experiência da Austrália, aclamada internacionalmente, comprova que a proibição votada em 1996 trouxe enormes benefícios para a segurança pública deste pais, conforme informa o governo da Austrália (http://www.aic.gov.au ). Estudo publicado pela Professora J.Ozanne-Smith, da Monash University (Victoria, Austrália) na revista Injury Prevention 2004; chegou à seguinte conclusão : "Reduções dramáticas foram alcançadas na taxa geral de mortes por arma de fogo no contexto da implementação da reforma da regulação sobre armas de fogo". De fato, desde a aprovação da nova lei, em 1996, o número total de mortes diminuiu 43% e a taxa de homicídios por arma de fogo caiu 50%. Um habitante da Austrália corre 90 vezes menos risco de morrer num homicídio com arma de fogo do que um Brasileiro.
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BEM, agora, meu único argumento a favor do "não" é que, como a maiores vítimas em geral são os próprios portadores de armas de fogo que se pensam "heróis", isso seria bom para evolução da espécie humana - cagões paranóicos burros e agressivos iriam sumindo gradativamente do pool genético! Fantástico! O Darwin Awards agradece, clap clap clap! Mas isso é só piada, e de humor-negro - porque eu também nunca fui santa, ha-ha-ha!
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7 Comments:
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Céus, agora mandam spams em comentários de blogs e tenho que apagar?! bleh.
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