24.8.08

Fonte

Por muito tempo, tormentas: e parecia que muito mais tempo seria necessário para acalmar essas águas. Mas é num relâmpago que vem a clareza, uma alegria que não depende do outro. Sem depender e sem nada esperar, você se eleva até o outro, o compreende de fato pela primeira vez: e aceita a distância. Para de reagir: você é. E agora conhece o caminho da fonte que lava mágoas. E libertou o sábio que estava preso na velha árvore, entre cascas criadas para proteger mas só feriam, sufocavam; ele renasce, é todo novo e tudo é mais vivo quando ele passa - e existe em você.

As águas agora modulam criações que dançam a música que transborda no espaço. Tudo se ilumina, se transfigura. Você ri dos seus velhos medos, dragões que se transformaram em coisinhas sem importância, precários dragões-origamis. Você imaginava que tudo isso era possível, mas não passava de uma visão difusa e distante. E de repente está ali, na sua cara, ao seu redor, em você. É bom e puro, de um jeito que não conhecia. Verdadeiro.

Amor é força. Ressentimentos, agressões e cinismos são feias cascas para os que ainda estão fracos – e você conhece bem a fraqueza, como dói, como mata. Mas isso passa.

Você tem que evitar as interferências, se manter atento, para não esquecer o caminho da fonte. Tão bom quanto encontrá-la deve ser dar a mão a quem quiser encontrá-la também, sendo uma companhia na difícil viagem. Mas talvez não seja possível: só se chega lá sozinho, cada um é seu caminho.

Atenção.
Tempo.
Clareza.
E um riso no final.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

se manter atento, ter cuidado..seu texto bem que poderia ganhar música

qui. out. 30, 04:50:00 PM 2008  

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